O CAPITALISMO BRASILEIRO É UM AMOR, É OU NÃO É? - CAPÍTULO - LVII
Painel eletrônico da B3; mesmo com
juros altos, muitas empresas listadas na Bolsa da Valores superam a Selic na
distribuição de dividendos - Paulo
Whitaker/REUTERS
INTRODUÇÃO
"Temos a notável capacidade de banalizar a corrupção e a fraude, que incomodam, mas paradoxalmente são toleradas como esperteza. Como um ato de sobrevivência e, talvez o mais deletério, de realismo sociopolítico. Vale fraudar um fraudador para impedir outro fraudador, criando um poço sem fundo. Além disso, as fraudes são graduadas. Roubar um celular tem consequências mais severas do que “manipular” ou “maquiar” um orçamento a que ninguém tem acesso. Como os pecados, as fraudes são relativizadas. Feitas por companheiros ou lidas como espertezas são englobadas numa “ética de malandragem” cujo paradigma é Pedro Malasartes e Macunaíma e, assim, perdoadas". Roberto Damatta - Antropólogo
Bancos mantêm suas taxas de juros mesmo com queda da Selic, aponta Procon
Pesquisa aponta que quatro dos seis maiores
bancos não mexeram em suas tabelas entre janeiro e fevereiro
A
redução na taxa básica de juros (Selic) no último
mês não significou queda nas taxas cobradas para empréstimos pessoais em quatro
dos maiores bancos do Brasil, segundo levantamento mensal feito pelo Procon de
São Paulo.
Em
trajetória de queda, a taxa Selic caiu mais 0,5 ponto percentual na última
reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária) do Banco Central,
em janeiro, e foi fixada em 11,25% ao ano. A Selic
serve de referência para as outras taxas de juros do mercado financeiro.
Entre
janeiro e fevereiro, segundo a pesquisa do Procon, a taxa média de empréstimos
pessoais nos seis maiores bancos caiu apenas 0,01 ponto percentual, de 7,95% ao
mês para 7,94%.
A
pesquisa foi feita com os bancos do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal,
Itaú, Safra e Santander em 5 de fevereiro.
Desses,
apenas Bradesco e Itaú reduziram suas taxas, enquanto os demais bancos as
mantiveram. O Bradesco baixou de 9,64% ao mês para 9,61%, redução de 0,03
ponto. Já o Itaú reduziu de 9,57% para 9,53%, redução de 0,04 ponto.
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Banco |
Taxa
máxima ao mês pré-fixada para clientes não
preferenciais praticada em fev./24 para
empréstimo pessoal |
|
Banco
do Brasil |
6,27% |
|
Bradesco |
9,61% |
|
Caixa
Econômica Federal |
4,96% |
|
Itaú |
9,53% |
|
Safra |
7,25% |
|
Santander |
9,99% |
A
Fundação Procon-SP também constatou que não houve alteração nas taxas praticadas
pelas instituições para o cheque especial, cuja média foi de 7,96%. Desde
janeiro de 2020, essa taxa é limitada a 8% por resolução do Banco Central.
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Banco |
Taxa
máxima ao mês pré-fixada para clientes não
preferenciais praticada em fev./24 no
cheque especial |
|
Banco
do Brasil |
7,73% |
|
Bradesco |
8% |
|
Caixa
Econômica Federal |
8% |
|
Itaú |
8% |
|
Safra |
8% |
|
Santander |
8% |
"O
orçamento do consumidor continua sofrendo os reflexos dos gastos do final do ano
e das despesas típicas do começo do ano. Apesar da queda da taxa Selic, os
juros continuam altos para o tomador de crédito", dizem os pesquisadores
do Procon, que afirmam ser "aconselhável refletir antes de contratar um
empréstimo."
"O
consumidor deve analisar seu orçamento e, caso haja débitos pendentes no cartão
de crédito, talvez a melhor saída seja contratar uma linha de crédito mais
barata [com taxa de juro mais baixa] e quitar as pendências", conclui o
levantamento mensal do Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção
e Defesa do Consumidor da Fundação Procon-SP.
BANCO DO BRASIL
O
Banco do Brasil afirmou estar "em sintonia com as recentes decisões"
do Copom e disse que tem "promovido sucessivas reduções das taxas de juros
desde o início do atual ciclo de baixa da Selic".
A
instituição cita o CDC Salário (crédito para quem recebe salário no banco) teve
redução de 3,38% ao mês para 2,42% ao mês entre julho do ano passado e
fevereiro de 2024, "superior à redução da Selic no mesmo período". Outras
linhas também tiveram suas taxas reduzidas, diz o banco, incluindo o Empréstimo
com Garantia e o CDC Benefício (para aposentados e pensionistas que recebem do
INSS pelo banco).
Publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo
