HISTÓRIA DO BRASIL - ANO MMXXIV DO QUADRIÊNIO DA ESPERANÇA: FOME ZERO
Em
pesquisa encomendada pelo governo, Instituto Fome Zero analisou indicadores de
inflação e de emprego e verificou menor exposição dos mais pobres à insegurança
alimentar grave.
Uma
pesquisa do Instituto Fome Zero, encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS), mostra que o número de brasileiros que
passam fome caiu de 33 milhões em 2022 para 20 milhões em 2023.
A
projeção, divulgada nesta segunda-feira (11), foi feita a partir do cruzamento
de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar e da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), ambas do IBGE.
Como o maior movimento de mobilização civil do Brasil ajudou o país a sair do Mapa da Fome
O estudo
considera duas situações de insegurança alimentar:
Insegurança
Alimentar Moderada: Nessa condição, o indivíduo não faz as três refeições
diárias ou não se alimenta o suficiente para ter uma vida saudável.
Insegurança
Alimentar Grave: Nessa condição, o indivíduo fica um dia ou mais sem
comer, no que se traduz como passar fome.
O
instituto estima que, após subir de 20,6% para 32,8% entre 2018 e 2021, o
nível de insegurança alimentar caiu desde então e chegou a 28,9% em 2023.
Projeção da Insegurança Alimentar e Nutricional e estimativas
Indicador analisa pessoas que fazem menos refeições que o necessário ou
passam dias inteiros sem se alimentar.
De acordo
com o estudo, a redução estimada na quantidade de pessoas que vivem em
situação de insegurança alimentar grave no país está relacionada à queda do
desemprego, com a dinâmica favorável dos preços, especialmente dos alimentos.
Também
colaborou o crescimento da renda da população, puxado principalmente pelos
ganhos com os programas de transferência de renda e pelo reajuste acima da
inflação do salário mínimo.
Poder de
compra
A
política de valorização do salário mínimo, proposta pelo governo federal no ano
passado e retomada este ano, prevê reajustes anuais que levem em conta
a
inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e
a taxa de
crescimento real do Produto Interno Bruto de dois anos antes.
A
recomposição do poder de compra, de acordo com o estudo, fortalece a
tendência da redução da insegurança alimentar e nutricional da população.
"As
pessoas ganharam mais do que perderam com a inflação. Mas o maior elemento é a
política de aumento do salário mínimo, que atinge todos os brasileiros, mesmo
aquelas pessoas que não ganham o salário mínimo são afetadas", explica o
ex-ministro de Combate à Fome, diretor-geral da Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura de 2012 a 2019, e um dos fundadores do
Instituto Fome Zero, José Graziano.
Índice de
Miséria
O
Instituto Fome Zero analisou os indicadores de desemprego e de inflação para
retratar a exposição da população carente à insegurança alimentar e
nutricional. Combinados, os dois indicadores formam o Índice de Miséria.
Após
relativa estabilidade no indicador para o período entre 2017 e 2019, o indíce
cresceu entre 2019 e 2021, quando alcançou 21,2%. A partir de 2022, no entanto,
voltou a cair, chegando a 12,4% em 2023.
Índice de Miséria no Brasil
Índice calcula exposição da população carente à insegurança alimentar e
nutricional
Segundo o estudo, no ano passado, a inflação baixa beneficiou os mais pobres e foi o principal fator para a continuidade da queda do Índice de Miséria.
Histórico
Quatro anos após deixar o Mapa da Fome, a insegurança
alimentar e nutricional voltou a crescer no Brasil. E, em 2020, com
a crise sanitária da COVID-19 e com a deterioração acentuada dos rendimentos
dos mais pobres, o quadro piorou.
Em 2022,
a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
(Penssan) divulgou um diagnóstico dos brasileiros em situação de insegurança
alimentar. Naquele ano, o país bateu a marca de 33 milhões de brasileiros que não tinham o
que comer por um dia ou mais
Em
2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Brasil Sem
Fome. O governo federal estabeleceu a meta de tirar o país do Mapa
da Fome até 2030 e reduzir a menos de 5% o percentual de domicílios em situação
de insegurança alimentar grave.
Por Juliana Lima, TV Globo — Brasília
